domingo, 14 de agosto de 2011

Aos pais...

Do Adital
Meu querido papai

Selvino Heck
Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Adital


Eu escrevi pra mamãe no Dia das Mães, lembra? Daí eu pensei que também devia escrever pra ti, papai, no dia do Papai, senão era capaz de tu ficar brabo comigo. E tu é sempre tão bom pra mim, eu gosto tanto de ti, e eu queria dizer isso hoje. Eu sou muito feliz por tu ser meu papai. Todo mundo te chama de Ione, mas teu nome mesmo é Alcione Mahle.

Eu às vezes sou um pouco um pouco assim não sei como, assim meio tímido. Eu agora já dou a mão pro tio Selvino quando vem lá de Brasília. Ele me traz umas bolachas que as moças que cuidam do avião mandaram pra mim. Não sei se isso é mesmo verdade. Mas tu sempre pergunta pra ele se aquelas moças são mesmo bonitas. Aí a mãe, que fica escutando na cozinha, não gosta e diz que tu não é pra falar essas coisas pra mim, que eu ainda sou muito criança, que só tenho seis anos.

Eu ainda não sei, papai, o que vou ser na vida. Mas quem sabe eu posso ser como tu. Lá na vó Lúcia todo mundo gosta da tua caipirinha, principalmente o tio Cláudio, o tio Bruno, que é o tio Caco, e o tio Selvino. E eles gostam também do teu churrasco. Eles dizem que é muito gostoso e bem feito.

Eu também gosto de ir lá na vó Élly. Eu conheci o teu pai, o vô Lorivaldo, que já morreu. Eu ia nas plantações dele e comia os doces da vó Élly. Pena que eu não conheci o vô Léo, papai da mamãe. Ela sempre conta que ele era muito trabalhador, que ele criou nove filhos plantando na roça, participava muito da comunidade e ajudava sempre os outros. Um dia vou querer ser como o vô Lorivaldo e o vô Léo. Daí eu vou ser tão bom que nem tu e a mamãe.

Quem sabe, quando eu ficar grande, eu posso ser alguém que faz caipirinha boa ou churrasco. Ou ser um bom pedreiro com tu. Tu sempre conta que agora tem bastante obras e casas pra construir, porque o que era chefe do tio Selvino, o presidente Lula, e agora a nova chefe dele, a tia Dilma, estão fazendo muita coisa boa e que aí tem bastante serviço pra ti, pro tio Nei, o tio Cláudio e pra teu amigo Eder, que trabalham contigo. Pai, eu sei arrumar e construir várias coisas, como tu. E também sei quebrar brinquedos, principalmente os carrinhos que eu ganho.

Também posso ser jogador de futebol, como o tio Marino que tá meio velho, mas ainda joga muito bem. Ou trabalhar na roça como a mamãe. Se bem que ela diz que o tempo anda muito ruim, cai muita chuva. Aí não está dando verdura para vender na Feira do Produtor em Venâncio Aires ou levar pra escola. Agora eu posso comer a alface, a cenoura e o feijão que a vó Lúcia, o tio Marino e a mamãe plantam, as laranjas e as bergamotas que colhem direto no pé, a schmia que fazem no panelão, porque lá na escola São Luiz a nossa merenda vem da nossa comunidade de Santa Emília e de Mato Leitão. E é tudo coisa boa e gostosa. Diz o tio Selvino que isso foi decidido pelo tio Lula lá no governo dele.

Papai, eu só não gosto de tomar injeção. Estes dias eu estava meio doente, tu me levou pro hospital e eu tomei duas na bunda. Aí eu disse que estava andando torto como o tio Caco. Doeu muito.

Bem que eu gostaria, papai, de aprender a falar alemão como a vó Lúcia, a vó Elly. Tu e a mamãe sempre falam em alemão com elas e eu não sei quase nada. É uma língua tão enrolada!

Ah, eu sou gremista como tu. E sempre cuido das tuas coisas, papai. Quando o tio Marino um dia lá em Venâncio bateu teu carro novo no caminhão velho dele, eu disse que ele tinha que pagar, senão eu ia chamar a polícia.

Papai, um dia vou ser como tu. Vou ser forte como tu, mesmo sem gostar de verdura, que tu também não gosta. Vou ser trabalhador, vou cuidar dos outros.

Um grande abraço, papai, e para todos os papais. Eu gostaria que todos os papais fossem que nem tu, que cuidassem bem dos seus filhos, sempre brincassem com eles.

Um beijo do teu filho Gabriel.
Em dez de agosto de dois mil e onze.

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