sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Pai dos BRICs afirma que Brasil continuará de vento em popa

DO CONVERSA AFIADA

Jim O’Neill, pai dos BRICs: Brasil vai crescer de 4 a 5%



Neill: corte de gastos e vamos em frente
Não dê bola, amigo navegante, aos urubólogos espalhados pelo PiG (*).

Jim O’Neill é o diretor do banco Goldman Sachs que descobriu e inventou a expressão BRICs.

Foi ele quem, em 2008, explicou que ia haver um “descasamento” – as economias ricas iam cair numa curva em “U” e os BRICs, numa curva em “V”.

Cai rápido e sobe rápido.

Desmentia, portanto, a urubóloga, que anunciava a formação de um tsunami que ia afogar o Governo Lula.

Agora, a urubóloga volta a descrever o Apocalipse.

Não perca o seu tempo, amigo navegante.

Veja o que disse o pai dos BRICs ao Valor.

Valor: O que é mais importante para explicar a valorização do real? Os termos de troca ou os juros?


O’Neill: A combinação dos termos de troca e de juros reais elevados causa o fortalecimento do real. Se os dois se reverterem, também se reverterá a força do real. Em algum momento isso provavelmente vai ocorrer – a questão é que não podemos dizer quando.


Valor: A inflação em 12 meses está acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central neste ano, de 6,5%, com os preços de serviços em alta de 9% nesse período. Em que medida as perspectivas para a inflação no Brasil são preocupantes?


O’Neill: Eu não estou excessivamente preocupado. A economia está desacelerando em direção a um ritmo de 4%, provavelmente consistente com um crescimento potencial de 4% a 5%, e eu suspeito que as pressões inflacionárias vão ceder nos próximos meses.


Valor: Os juros reais já são muito altos no Brasil, mas vários analistas acreditam que o Banco Central deveria ter elevado mais as taxas neste ano. O Brasil precisa de uma política monetária mais apertada?


O’Neill: O Brasil precisa de uma política fiscal mais apertada. Dado o problema do câmbio, as autoridades não podem colocar todo o peso do ajuste cíclico sobre o Banco Central. O governo deve reduzir mais os gastos públicos, de modo a evitar aumentos adicionais dos juros.


Valor: Em 2010, o crescimento brasileiro foi de 7,5%. O sr. foi o primeiro economista a citar a possibilidade de uma expansão na casa de 7%. Para 2012, o consenso de mercado aponta para um crescimento na casa de 4%, e muitos analistas dizem que o PIB potencial do país não passar de 4% a 4,5%. O sr. acha que o PIB potencial está nesse nível?


O’Neill: Acho que o crescimento potencial é possivelmente próximo de 5%, mas definitivamente não é 7%. No entanto, é possível que esse número esteja crescendo. Nesse sentido, é muito importante que as pressões inflacionárias atinjam o pico em breve, de modo a permitir que poupadores e investidores possam conviver com essa tendência mais otimista. Os próximos dois ou três trimestres serão um momento importante para o Brasil.


Valor: O sr. foi muito otimista em relação ao Brasil nos últimos anos. Hoje, o Brasil enfrenta pressões inflacionárias, um câmbio ultravalorizado, juros elevados e um arcabouço fiscal complicado. O sr. continua otimista em relação ao país?


O’Neill: Estava muito claro para mim que os últimos seis a nove meses seriam um momento de grandes desafios para o Brasil. Eu continuo otimista em relação ao médio e longo prazo, mas os próximos dois ou três trimestres vão requerer algumas soluções para a questão da inflação e o problema do câmbio, tendo como pano de fundo situações delicadas nos Estados Unidos e na Europa. O motivo para a minha visão favorável é que acredito que o Brasil se transformou num país de baixa inflação, o que significou uma grande mudança para a nação. Como resultado, muitas pessoas dos grupos de renda mais baixa estão nos primeiros estágios de transformação de suas vidas. A demanda doméstica tende a ser estruturalmente forte.


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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