Não faz bem a nossa luta nos auto-iludirmos ou, como se diz popularmente, “tapar o sol com a peneira”. O resultado das urnas ficou muito aquém do que todos esperávamos. Como e por que isso aconteceu, em parte, sabemos.
A ofensiva da mídia, nos últimos 20 dias, explorando ou fabricando “escândalos” sobre “escândalos”, a utilização indecorosa da fé e da religiosidade da população espalhando inverdades e desumanidades sobre Dilma Rousseff em milhares de púlpitos e, finalmente, a utilização das pesquisas e da propaganda para, a partir da insegurança gerada pelos fatores que mencionei, inflarem a candidatura Marina Silva.
De outro lado, o peso do poder econômico na reta final de campanha também contribuiu para nos tirar, a todos, aquela fatia dos indecisos, que escolhe o candidato à última hora. Eu próprio penei com essa dificuldade e tenho uma perspectiva muito delicada em relação à minha reeleição, que neste momento não é provável, embora isso não me tire a vontade de agradecer sinceramente a cada um que me honrou com a confiança do seu voto.
Abre-se, diante de nós, um momento de reflexão. Não é hora de recriminações e, menos ainda, de empurrarmos as culpas uns sobre os outros, se a nossa causa é grandiosa, grande também deve ser a nossa capacidade de superação e de compreender que o nosso desafio, no segundo turno, é tornar claro aquilo que já era claro para nós.
É preciso que todo brasileiro entenda que estamos diante da decisão entre fazer o Brasil seguir mudando ou retrocedermos ao Brasil do atraso, da estagnação, da fome, da crescente marginalização de milhões de pessoas. Ao Brasil submisso, ao Brasil humilhado, ao Brasil ajoelhado diante de interesses poderosos daqui e de fora.
Em 2006, quando Lula terminou o primeiro turno com 48,6 % dos votos válidos foi o segundo turno que conseguiu esclarecer o povo brasileiro de que aquela eleição se tratava de uma decisão entre adotar uma política nacionalista ou regressarmos ao período vergonhoso de privatização e de alienação de nossas riquezas que representou o governo tucano de FHC. Pois, agora, trata-se do mesmo desafio, só que ainda mais ampliado.
O destino, com o pré-sal, nos fez um país ainda mais rico, justamente na mesma época em que descobrimos que riqueza é algo que jamais pode andar separada da justiça social.
Eles retardaram a nossa marcha. Obrigaram-nos a mais um passo. Pois, que seja. Reunamos forças para que este passo a mais seja capaz de nos levar ainda mais longe.
PS: Peço a todos que compreendam minha necessidade de, por algumas horas, recolher-me para meditar e me preparar para os embates que virão. Somos todos humanos.
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