quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cidades: Como compartilhar problemas (e soluções)


Aplicativo aponta problemas das cidades

Por raquel_
Da Carta Capital
Clara Roman
Um novo aplicativo do Facebook pretende ser a ponte entre população e governo ao tentar mapear principais desafios da cidade
Enquanto o Facebook e Twitter tornam-se propulsores de movimentos sociais no mundo todo – inclusive no Brasil – um movimento intitulado Cidade Mais Feliz acaba de criar um aplicativo que funciona como uma ponte entre gestores de políticas públicas e seus usuários. O “My Fun City”, lançado há duas semanas e disponível tanto para Facebook, Iphone e Ipad, realiza um ranqueamento de problemas das cidades cadastradas a partir da interação com seu usuário.
“My Fun City” possui apenas três mil usuários. Mas, se a ideia pegar, pode se tornar um termômetro para o poder público e um auxílio na tomada de decisões sobre políticas públicas. “Queremos que seja divertido, mas que possa ter reflexos na vida real”, explica Alexandre Sayad, um dos criadores.
A rede funciona assim: o usuário digita seu endereço na página inicial – ou utiliza a própria geolocalização do Iphone e Ipad. Em seguida realiza seu check-in, isto é, classifica a região a partir dos critérios trânsito, quantidade de hospitais, museus e parques, opções de lazer, conservação das ruas, policiamento, limpeza das vias e barulho. Atualmente, além de escolher uma “carinha” feliz ou triste, o usuário pode também fazer comentários sobre a situação do local.
A Rede Nossa São Paulo, movimento que pensa políticas públicas para a cidade, é um dos parceiros, responsável por auxiliar na produção de perguntas e critérios para o aplicativo no futuro. Além disso, ela utilizará os dados da rede para propor políticas públicas para a cidade de São Paulo, constituindo um primeiro contato do projeto com o poder.
Uma parceria também foi traçada com diversas prefeituras por todo o Brasil, mas nenhum acordo foi fechado. Como todas as informações serão abertas, os governantes podem acessar livremente o conteúdo gerado pelos usuários. Mas, lembra Sayad, os dados não têm valor estatístico – servem apenas como termômetro. O principal parceiro ainda é o Facebook, que disponibilizou o aplicativo em sua página inicial como iniciativa social. Outra aproximação importante foi feita com a Ouvidoria Geral da União, que poderá utilizar dados da rede para orientar suas ações.
A ideia surgiu em uma passagem de Sayad pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), um dos principais pólos de pesquisa mundiais, localizado nos Estados Unidos. Fora do Brasil, iniciativas como essa têm inundado a internet, nem sempre explodindo em acessos e participantes, mas com alguma repercussão.
Um aplicativo do Google foi essencial no Haiti para mapear locais seguros ou não após o terremoto. As pessoas mandavam as informações por computador ou celular e o Google localizava os pontos em seus mapas. Já o “10 Questions Presidential Forum” (10 Questões – Fórum presidencial) reuniu 120 mil usuários para votar questões a serem enviadas aos candidatos ao governo americano. Por sua vez, o “World Without Oil” (Mundo sem petróleo) traz um jogo de realidade virtual sobre um mundo sem combustíveis fósseis, no qual as pessoas refletem sobre soluções para uma alternativa energética.
Além de fornecer inspiração para os realizadores desse projeto – o primeiro do tipo no Brasil – o contato de Sayad com o MIT estabeleceu uma outra parceria importante. Desde seu lançamento, a rede ‘My Fun City’ foi divulgada na cidade de Newton, em Massachussets, e, se tiver adeptos, deve se tornar um modelo para os pesquisadores americanos. Por isso, o aplicativo possui uma versão também em inglês.
A rede ainda está engatinhando, com poucos usuários e opções de atividades. Um passo inicial. As ideias, entretanto, são muitas. “O que a gente quer, no futuro, é entregar informações com inteligência, com recortes”, afirma Sayad. Ele imagina seu projeto como uma possível fonte de informações para a mídia.
Por enquanto, a rede é tocada unicamente por alguns sócios – entre eles, o presidente Mauro Motoryn e Sayad – responsáveis também por bancar a iniciativa, que não possui fonte de recursos própria. É uma continuação dos trabalhos do projeto Cidade Mais Feliz, que já atua há alguns anos auxiliando ONGs e instituições sem fins lucrativos na arrecadação de recursos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário