Mídia dispara últimos cartuchos para evitar derrota no 1º turno
Na reta final da eleição, desesperada com a possibilidade de vitória definitiva de Dilma no próximo domingo, a mídia golpista “se comporta como um partido político”, conforme observou o presidente Lula, e recorre nesses dias aos últimos trunfos para evitar a derrota no primeiro turno.
Por Umberto Martins
Os dois maiores jornais de São Paulo (Estadão e Folha) dedicaram seus principais editoriais do último domingo (26) à crítica ácida contra Lula e Dilma. O veículo da família Mesquita resolveu abrir o jogo e declarou apoio ao candidato tucano, José Serra, no texto intitulado “O mal a evitar”, enquanto o diário da família Frias permaneceu no armário aparentando “independência, pluralidade e apartidarismo editoriais” num texto em que alerta contra supostas ameaças à democracia provenientes do presidente (“Todo poder tem limite”).
Apesar da diferença de estilo (a Folha sempre foi mais dissimulada, desde a época da “ditabranda”, quando emprestava peruas para a repressão transportar presos políticos), os dois artigos coincidem no conteúdo e no caráter. Ambos são inspirados pela ideologia da velha direita brasileira, recheados de preconceitos, e recorrem a argumentos falsos para encobrir os verdadeiros interesses da classe que representam e defendem.
O Estadão alega que existe uma diferença entre “tomar partido” e agir como partido político ao justificar o apoio à “candidatura de José Serra”, mas os fatos provam o contrário. Monopolizada por um pequeno grupo de famílias burguesas, a grande mídia não é mais nem menos que um instrumento a serviço da direita neoliberal, uma espécie de partido golpista, que manipula fatos, produz factóides, oculta denúncias e não poupa esforços para impedir a vitória das forças progressistas.
As ideias e interesses que orientam as manchetes desses veículos refletem o reacionarismo atávico de parte das classes dominantes brasileiras. Eles não toleram que um político originário da classe operária tenha chegado à Presidência da República, ancorado em forças sociais que sempre estiveram à esquerda do espectro político.
Retrocesso neoliberal
Eles também não se conformam com a postura altiva e soberana do Brasil na diplomacia internacional, que resultou na rejeição e derrota da Alca, no fortalecimento do Mercosul e na priorização das parcerias Sul-Sul em detrimento das relações subservientes com os países imperialistas (Estados Unidos, União Europeia e Japão).
Outros pontos de discórdia são a política de valorização do salário mínimo, o proveitoso diálogo que o governo Lula mantém com os movimentos sociais, o reforço do papel do Estado no desenvolvimento econômico e, mais recentemente, os senões em relação à própria mídia, que não admite críticas e se julga dona absoluta da verdade.
O que está em jogo, por trás do falso moralismo, dos factóides e da conduta do Partido da Imprensa Golpista (PIG), são os interesses de classe dos proprietários desses meios de comunicação, interesses que, em maior ou menor medida, foram ou se julgam contrariados pelo atual governo.
Golpismo
O PIG não quer menos que a restauração do neoliberalismo no Brasil; o retorno à política de privatizações e à diplomacia dos pés descalços; a ressurreição da Alca; a submissão ao FMI; o arrocho fiscal e a redução dos salários; o aumento do desemprego e a repressão e criminalização dos movimentos sindicais.
Com um programa desta natureza, servido ao distinto público numa embalagem enganosa que aparenta a “defesa da democracia e das liberdades”, a campanha insidiosa da mídia hegemônica foi rejeitada e derrotada em 2002 e em 2006. A mensagem das urnas em 3 de outubro não será diferente, a não ser pelo fato de que os prejuízos e as baixas nas fileiras da direita neoliberal, representada na chapa demo-tucano, tendem a ser bem maiores com a definição da peleja já no primeiro turno.
Ao contrário do que alardeia, a mídia golpista não tem apreço pela democracia, muito pelo contrário. A história da posição pró-golpe assumida pelos grandes meios de comunicação em 1964 é amplamente conhecida. O apelo desesperado contra Lula e Dilma também não tem sentido democrático, mas o povo parece mais calejado e vacinado contra a ofensiva midiática. Apesar da credibilidade em baixa, o poder do PIG não deve ser subestimado.
Os últimos cartuchos usados no pleito de 2006 (factóides como imagens com dinheiro apreendidos pela PF) impediram a vitória de Lula no primeiro turno e levaram a disputa a segundo escrutínio, mas a diferença de votos entre Lula e Alckmin foi ampliada. É pouco provável que a história se repita, mas fica para as forças progressistas e para o povo mais uma preciosa uma lição sobre o verdadeiro caráter da grande mídia e o desafio de redobrar os esforços para restringir seu poder e avançar no sentido de uma efetiva democratização dos meios de comunicação no Brasil.
Por Umberto Martins
Os dois maiores jornais de São Paulo (Estadão e Folha) dedicaram seus principais editoriais do último domingo (26) à crítica ácida contra Lula e Dilma. O veículo da família Mesquita resolveu abrir o jogo e declarou apoio ao candidato tucano, José Serra, no texto intitulado “O mal a evitar”, enquanto o diário da família Frias permaneceu no armário aparentando “independência, pluralidade e apartidarismo editoriais” num texto em que alerta contra supostas ameaças à democracia provenientes do presidente (“Todo poder tem limite”).
Apesar da diferença de estilo (a Folha sempre foi mais dissimulada, desde a época da “ditabranda”, quando emprestava peruas para a repressão transportar presos políticos), os dois artigos coincidem no conteúdo e no caráter. Ambos são inspirados pela ideologia da velha direita brasileira, recheados de preconceitos, e recorrem a argumentos falsos para encobrir os verdadeiros interesses da classe que representam e defendem.
O Estadão alega que existe uma diferença entre “tomar partido” e agir como partido político ao justificar o apoio à “candidatura de José Serra”, mas os fatos provam o contrário. Monopolizada por um pequeno grupo de famílias burguesas, a grande mídia não é mais nem menos que um instrumento a serviço da direita neoliberal, uma espécie de partido golpista, que manipula fatos, produz factóides, oculta denúncias e não poupa esforços para impedir a vitória das forças progressistas.
As ideias e interesses que orientam as manchetes desses veículos refletem o reacionarismo atávico de parte das classes dominantes brasileiras. Eles não toleram que um político originário da classe operária tenha chegado à Presidência da República, ancorado em forças sociais que sempre estiveram à esquerda do espectro político.
Retrocesso neoliberal
Eles também não se conformam com a postura altiva e soberana do Brasil na diplomacia internacional, que resultou na rejeição e derrota da Alca, no fortalecimento do Mercosul e na priorização das parcerias Sul-Sul em detrimento das relações subservientes com os países imperialistas (Estados Unidos, União Europeia e Japão).
Outros pontos de discórdia são a política de valorização do salário mínimo, o proveitoso diálogo que o governo Lula mantém com os movimentos sociais, o reforço do papel do Estado no desenvolvimento econômico e, mais recentemente, os senões em relação à própria mídia, que não admite críticas e se julga dona absoluta da verdade.
O que está em jogo, por trás do falso moralismo, dos factóides e da conduta do Partido da Imprensa Golpista (PIG), são os interesses de classe dos proprietários desses meios de comunicação, interesses que, em maior ou menor medida, foram ou se julgam contrariados pelo atual governo.
Golpismo
O PIG não quer menos que a restauração do neoliberalismo no Brasil; o retorno à política de privatizações e à diplomacia dos pés descalços; a ressurreição da Alca; a submissão ao FMI; o arrocho fiscal e a redução dos salários; o aumento do desemprego e a repressão e criminalização dos movimentos sindicais.
Com um programa desta natureza, servido ao distinto público numa embalagem enganosa que aparenta a “defesa da democracia e das liberdades”, a campanha insidiosa da mídia hegemônica foi rejeitada e derrotada em 2002 e em 2006. A mensagem das urnas em 3 de outubro não será diferente, a não ser pelo fato de que os prejuízos e as baixas nas fileiras da direita neoliberal, representada na chapa demo-tucano, tendem a ser bem maiores com a definição da peleja já no primeiro turno.
Ao contrário do que alardeia, a mídia golpista não tem apreço pela democracia, muito pelo contrário. A história da posição pró-golpe assumida pelos grandes meios de comunicação em 1964 é amplamente conhecida. O apelo desesperado contra Lula e Dilma também não tem sentido democrático, mas o povo parece mais calejado e vacinado contra a ofensiva midiática. Apesar da credibilidade em baixa, o poder do PIG não deve ser subestimado.
Os últimos cartuchos usados no pleito de 2006 (factóides como imagens com dinheiro apreendidos pela PF) impediram a vitória de Lula no primeiro turno e levaram a disputa a segundo escrutínio, mas a diferença de votos entre Lula e Alckmin foi ampliada. É pouco provável que a história se repita, mas fica para as forças progressistas e para o povo mais uma preciosa uma lição sobre o verdadeiro caráter da grande mídia e o desafio de redobrar os esforços para restringir seu poder e avançar no sentido de uma efetiva democratização dos meios de comunicação no Brasil.
Fonte: Portal Vermelho
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