Wellington Treze, Abdul, Phillip e “o cara”
por Luiz Carlos Azenha
Vamos supor que o Fantástico, o Jornal Nacional, a revista Veja e o jornal O Globo não estejam interessados apenas em — não necessariamente nesta ordem — vender jornal, vender revista e conseguir audiência.
Vamos supor que o atirador de Realengo, Wellington Menezes de Oliveira, não seja — para decepção de muitos — apenas um esquizofrênico em surto.
Vamos supor que Wellington fizesse, de fato, parte de uma célula terrorista e tivesse agido em nome de extremistas islâmicos.
Supondo que ele agiu como parte de uma conspiração internacional, liderada por bin Laden, qual seria exatamente o motivo para atacar crianças inocentes de uma escola do Rio de Janeiro?
Eu entendo perfeitamente a revolta dos brasileiros com o que aconteceu no Rio de Janeiro. É inimaginável que uma pessoa em sã consciência descarregue revólveres em inocentes, ainda mais atirando no rosto de crianças. Tamanha crueldade é de embrulhar o estômago. Acho que muitos de vocês experimentaram o mesmo que eu: uma sensação de vazio, uma necessidade de recolhimento em busca de explicações.
Mas é igualmente revoltante a sustentação de teses malucas, baseadas em perfis múltiplos na internet — William Treze, no MSN, seria referência ao 13 do PT? –, quando todos os indícios são de que o atirador era esquizofrênico.
Abdul? Phillip? Não seria mais produtivo tomar os escritos de Wellington com uma pedra de sal ao invés de reproduzí-los como factuais, ou seja, como expressão de uma verdade a ser investigada?
O Jornal Nacional foi em busca de um sobrinho de Wellington, que apesar de nem ter lido os e-mails gigantescos enviados pelo tio garante que existia um “cara”, um suposto mentor do atirador.
É natural, a essa altura, que as pessoas precisem de um culpado e de uma explicação “racional” para o que aconteceu.
É essa pressão que faz a polícia procurar culpados a qualquer custo.
Nesse ritmo o Brasil vai acabar bombardeando o Afeganistão para se vingar por Realengo.
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